quinta-feira, 8 de julho de 2010

Final inédita: Holanda e Espanha decidem a Copa do Mundo FIFA 2010


Estamos há poucas horas da grande final da Copa do Mundo de 2010. Representando diferentes escolas de futebol, Espanha e Holanda se enfrentarão na decisão. Em disputa, um título inédito. O vencedor será lembrado, para sempre, como campeão mundial de futebol. Será a primeira vez na história que uma das seleções erguerá o cobiçado troféu da Copa do Mundo FIFA. O derrotado também será ovacionado, pois terá feito uma campanha memorável. Entretanto, sua tão sonhada volta olímpica ficará para uma próxima oportunidade. Será uma grande batalha. Um belo desfecho para o primeiro campeonato mundial de futebol realizado em solo africano.

Por Luciano Bonfoco Patussi
8 de julho de 2010

Quando estiverem em campo as seleções holandesa e espanhola, haverá, acima de tudo, um confronto de diferentes escolas de jogar futebol. Desta vez, porém, será um duelo de estilos um pouco às avessas, se compararmos a tradição histórica de cada time.

A Holanda, que encantou o mundo com o “futebol total” praticado na década de 1970, sempre que obteve destaque, contava com uma seleção de vários craques com renome mundial. A partir daquele momento, na maioria das oportunidades e sempre que obteve maior êxito, a seleção holandesa mostrou um futebol de toque refinado e de belos gols.

Em 2010, a seleção holandesa chega à decisão do campeonato mundial lutando por um inédito título em sua história. O time, contrariando sua história, conta com um futebol frio e calculista. Ao contrário do que alguns cronistas esportivos consideram – e respeito todas as opiniões – acredito que a Holanda tem uma boa equipe de futebol. Antes do início do mundial, considerava o time holandês, inclusive, um dos candidatos a surpreender e conquistar o título.

A Holanda tem uma seleção equilibrada. Se nem de perto lembra o futebol jogado por seus compatriotas nos anos 70 e durante boa parte dos anos 80 e 90, vale lembrar que a seleção holandesa está invicta há mais de 20 partidas. Isso é um ótimo retrospecto. Nesta Copa, até o momento, a Holanda venceu todas as seis partidas que disputou.

O comandante holandês, Bert van Marwijk, montou sua equipe de forma bastante compacta. O setor defensivo conta com jogadores sem um exagerado renome mundial, inclusive seu grande goleiro, Stekelenburg. São, individualmente, bons defensores, cada um com suas características. É um time que procura encurtar espaços e, rapidamente, despachar a bola para seu setor de meio-campo.

O setor de meio-campo da “Laranja Mecânica” possui muita força de marcação. Tudo isso visando facilitar o trabalho do sistema defensivo da equipe. Destaque para seu capitão, Giovanni van Bronckhorst, que costuma aparecer não somente pela lateral-esquerda, mas também pelo meio-campo, auxiliando os bons volantes Mark van Bommel e Nigel de Jong.

Na linha ofensiva, os jogadores Kuyt e, principalmente, Robben e Sneijder, introduzem a velocidade e a movimentação necessária para fazer a Holanda vencer seus adversários. Além deles, caracterizando um esquema 4-2-3-1 onde todos os atletas possuem tarefas defensivas, o centro-avante Van Persie é o jogador mais adiantado. Este, até o momento, não mostrou seu melhor futebol neste mundial, mas é um atacante estilo “matador”.

Do outro lado da disputa, vale lembrar que a Espanha já teve seleções com bons valores individuais durante toda a sua existência. Entretanto, a garra e a luta sempre foram sua principal marca, em detrimento a um futebol mais vistoso aos olhos do torcedor. Em 2010, Vicente del Bosque, o comandante espanhol, tem a seu favor, talvez, o maior número de jogadores tecnicamente diferenciados da história da seleção espanhola.

Particularmente, considerava a Espanha como favorita ao título mundial. O decorrer da competição, entretanto, fez com que eu vislumbrasse a equipe ibérica com chances de título, mas já sem ser considerada a principal favorita. Isso porque era uma equipe que mostrava certa limitação na hora de marcar os gols.

Entretanto, os resultados obtidos pela Espanha, aliados à refinada técnica do setor de meio-campo e de ataque da equipe, levaram os espanhóis até a fase final do mundial. Pelo futebol de ocupação de espaços e pelo fino toque de bola da equipe, o que foi visto principalmente contra o bom time da Alemanha, a classificação espanhola foi justa e merecida, sem direito a qualquer “mas” ou “se”.

A Espanha aposta em jogadores de grande qualidade individual. A técnica apurada da equipe está centrada em craques como Iniesta, Xavi, Xabi Alonso e Villa, e também no centroavante “matador” Fernando Torres, que não vive o seu melhor momento técnico, devido a estar voltando de lesão.

Além destes jogadores titulares, a equipe conta com os talentosos Cesc Fàbregas, David Silva, Pedro e Fernando Llorente, entre outros. Todos estão no elenco e aguardam oportunidades de entrar nos jogos e mostrar seu futebol. Isso tudo porque somente 11 jogadores podem entrar em campo. A quantidade de qualidade individual do time espanhol é, realmente, algo impressionante. Seu banco de reservas confirma a afirmação.

Se analisarmos que um time precisa ter a posse da bola para marcar gols, a tendência é de uma equipe, que fica mais tempo com a bola, conseguir marcar mais gols do que seus adversários. Logicamente, isso só é possível se o time tiver qualidade para manter o controle do jogo, mostrando bom passe e posicionamento. Por este motivo, a Espanha está na final.

Por outro lado, uma equipe que fica a maior parte da partida sem a posse da bola, tem maiores dificuldades em marcar gols. É por este motivo que a Espanha tomou poucos gols até o momento: apenas dois. Seus adversários ficam pouco tempo com a posse da bola. Tudo graças à qualidade de passe e de posicionamento da equipe espanhola.

Será um grande choque de diferentes estilos de jogar futebol. A Holanda lutará para diminuir os espaços do adversário, dificultando as rápidas infiltrações em sua defesa e evitando as conclusões a gol, por parte do time espanhol. Já a "Fúria Espanhola" tentará manter seu estilo, ficando a maior parte do tempo com a bola, buscando marcar gols e deixando seu sistema defensivo mais tranquilo no decorrer da partida, sem sofrer pressão pela movimentação do ataque holandês.

Esta é a fotografia do que deverá ocorrer durante o jogo. O resultado, porém, é uma total incógnita. Façam suas apostas. O mundo terá um novo campeão. Uma grande saudação esportiva para todos os leitores!

Como curiosidade, abaixo é possível visualizar alguns dados importantes da história das seleções da Holanda e da Espanha, em se falando de resultados obtidos:

HISTÓRICO DA SELEÇÃO HOLANDESA DE FUTEBOL

Títulos:
Campeã européia de seleções (Eurocopa): 1988.

Campanhas relevantes:
Vice-campeã mundial (Copa do Mundo): 1974 e 1978.
4ª colocada mundial (Copa do Mundo): 1998.
Medalha de bronze (Jogos Olímpicos): 1908, 1912 e 1920.
4ª colocada européia (Eurocopa): 1976, 1992 e 2000.

HISTÓRICO DA SELEÇÃO ESPANHOLA DE FUTEBOL

Títulos:
Campeã européia de seleções (Eurocopa): 1964 e 2008.
Medalha de ouro (Jogos Olímpicos): 1992.

Campanhas relevantes:
4ª colocada mundial (Copa do Mundo): 1950.
Medalha de prata (Jogos Olímpicos): 1920 e 2000.
Vice-campeã européia (Eurocopa): 1984.

Um comentário:

mairacolorada disse...

E, depois do que vimos e do que comentaste muito bem,só podemos concluir que as duas equipes que chegaram à finalíssima foram absolutamente merecedores.
Sem qualquer reparo.
E, com o detalhe da partida soberba que a Espanha jogou contra a favorita para vencer o jogo, a Alemanha.