quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Nas mãos de "D10S"


Por: Luciano Bonfoco Patussi

25 de novembro de 2020

O início da década de 1990 foi o período que formou minha personalidade de torcedor apaixonado por futebol. Era criança e, por isso, tenho vagas lembranças da Copa do Mundo daquele ano, como por exemplo, alguns jogos do Brasil, em especial a partida de oitavas de final contra a Argentina, e também a semifinal entre argentinos e italianos e, lógico, a decisão entre Alemanha e os Hermanos.

Entre a Copa do Mundo de 1994, sobre a qual tenho nítida lembrança, e o mundial de 1990, ocorreu a disputa de duas edições da Copa América, com total protagonismo da seleção argentina. Em minha mente, ecoam até hoje as narrações não tão empolgadas de Galvão Bueno saudando mais um “gooool da Argentiiiinaaa”, enquanto a seleção brasileira era eliminada por um time talentoso e bem armado e que, por isso, era diferenciado!

No mundo atual, o acesso à Internet nos brinda com a possibilidade de revermos gols que marcaram nossas vidas. Neste mesmo mundo, do qual Diego Armando Maradona partiu no dia 25 de novembro de 2020, é possível regressar até onde nossa memória sequer alcança. Ter a oportunidade de assistir aos dois gols marcados por Maradona contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, mesmo que em replay, fez aos poucos eu compreender o tamanho de Diego para os argentinos.

Naquele jogo, Diego foi o vingador da guerra ocorrida anos antes, onde argentinos e ingleses se defrontaram pela posse das Ilhas Malvinas – sendo que aqui não cabe julgamento sobre os motivos que levaram àquela lamentável passagem da história da humanidade. O que importa é que, vestido de azul e branco, Maradona destroçou o selecionado inglês, no mais apaixonante palco de batalhas que existe: o campo de futebol! Sua arma? Talento com a bola nos pés, puro e simples!

Até hoje, em tom de piada, brinco com meu pai, afirmando: “se eu tivesse nascido duas décadas antes, teria visto Pelé, Garrincha e Falcão jogar. A culpa é sua”. Como se pudéssemos escolher épocas para nascer. Dito isso, caímos em risos! O que vale é saudar a vida e as coisas boas que ela nos proporciona, em todos os momentos e independente do tempo.

Correram os anos e, hoje, consigo rememorar a jogada do gol que eliminou o Brasil do mundial de 1990, sob outra ótica. O lance fatídico ficou eternizado em canção da torcida argentina na Copa de 2014. Aquele acontecimento, em “que el Diego te gambeteó y que Cani te vacunó”, triste na época para os brasileiros, passou a ser motivo de alegria em meu coração. Pois, se não vi Pelé, Garrincha e nem Falcão em campo, posso dizer com emoção: eu vi Maradona jogar!