quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Fatos sobre a visível evolução do futebol equatoriano na última década


Através desta matéria, será apresentada uma visão sobre a evolução que o futebol equatoriano vivenciou na última década, sempre relacionado a questão de estrutura física e de pessoal qualificado, visando a formação de atletas tecnicamente diferenciados, bem como a desmistificação da altitude como sendo o principal fator para definir a vitória dentro de campo.

Por Luciano Bonfoco Patussi
27 de janeiro de 2011

A seleção de futebol equatoriana, bem como os clubes do país, vinham apenas coadjuvando no cenário esportivo continental, no que tange as disputas internacionais. Isso era uma regra geral e perdurou até o final dos anos da década de 1990.

Esporádicas vitórias da seleção nacional em jogos válidos pelas eliminatórias da Copa do Mundo, aliados a obtenção de dois vice-campeonatos da Taça Libertadores da América por parte do Barcelona de Guayaquil (1990 e 1998), poderiam ser considerados como auges do futebol local. Mas, na última década, a história mudou drasticamente. Há alguma explicação? Investimento em categorias de base e na estrutura física de alguns clubes.

Algumas agremiações equatorianas tiveram, nos últimos anos, um bom trabalho realizado nas categorias de base. Com investimento em qualificação dos avaliadores técnicos, bem como na estrutura física das entidades formadoras, houve muito resultado positivo obtido nos gramados. Assim sendo, o clube do país que estava mais organizado na época deste choque de mudança, a LDU, passou a revelar muitos atletas com grande potencial a ser desenvolvido, conquistando incontáveis títulos favoráveis a agremiação.

Estes jogadores, aliados aos demais jovens formados na base de outros clubes, passaram a fazer parte dos selecionados do país, proporcionando muita emoção para toda a população equatoriana. Os resultados foram visíveis: o Equador disputou duas Copas do Mundo na sequência, além de tornar-se campeão pan-americano.

SELEÇÃO EQUATORIANA DE FUTEBOL

Em 2001, a seleção equatoriana obteve, pela primeira vez na história, sua classificação para uma Copa do Mundo. No mundial de 2002, disputado na Coréia do Sul e no Japão, a seleção jogou três partidas na primeira fase, sendo eliminado e terminando a disputa na 24ª colocação – 32 países participaram do mundial.

Em 2005, a seleção equatoriana classificou-se para o mundial do ano seguinte, na Alemanha. Em solo europeu, o time alcançou a segunda fase da Copa. Nas oitavas de final, após uma equilibrada partida, a seleção equatoriana terminou eliminada pela Inglaterra. Desta forma, o Equador finalizou a Copa do Mundo de 2006 na 12ª posição.

Quando muitos imaginavam que as surpresas equatorianas já teriam se esgotado, ocorreu a disputa dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. No torneio de futebol desta competição, o Equador foi campeão, contando com uma equipe de jovens e promissores atletas. Na decisão, venceu a Jamaica, não menos surpreendente. Antes disso, o Equador havia eliminado o anfitrião da competição: a seleção brasileira.

A Copa do Mundo de 2010 não contou com a presença da seleção equatoriana. Houve uma queda de rendimento nos resultados da equipe, tudo aliado ao crescimento de outros times que eram adversários diretos na disputa, tais como as seleções do Uruguai, do Chile e do Paraguai.

Entretanto, há muita esperança dos equatorianos, no que tange a continuidade do trabalho realizado, com a formação de novos e promissores jogadores, tudo colaborando para com a realização de novas façanhas futebolísticas em médio e longo prazo.

LIGA DEPORTIVA UNIVERSITÁRIA – LDU DE QUITO

A grande maioria dos clubes localizados fora do eixo dos grandes campeões da América do Sul – Brasil, Argentina e, até mesmo, Uruguai – ainda sofre um certo preconceito, quando vencem importantes disputas.

Muitos cronistas destes países preferem denegrir e rebaixar as conquistas obtidas por equipes não tão famosas, “culpando” a suposta “fragilidade” dos times de maior tradição, ou até mesmo colocando a altitude das cidades em que as equipes jogam, como sendo o principal colaborador do insucesso das equipes ditas “tradicionais”. Ora, isso é simplesmente incabível.

É lógico que a altitude é um dos fatores que pode influenciar, e muito, no resultado de uma partida. Isso porque o ar rarefeito causa dificuldades de respiração em quem não se ambienta ao local de forma rápida, bem como torna o jogo mais veloz. Enfim, a altitude é um fator importante a ser considerado. Mas o futebol não tem apenas este fator que influencia em um desempenho atlético.

O futebol é um esporte em que os clubes que possuem estrutura física, qualificação de pessoal, planejamento logístico, entre outros pontos, tendem a obter a maximização dos seus resultados. Estes são apenas alguns pontos a serem considerados, mas há ainda os fatores climáticos, geográficos, a própria altitude, bem como as diferentes dimensões dos campos de jogo, tipos de gramado utilizados, tipo de bola usada em cada diferente competição, entre tantos outros.

Resumidamente, os clubes que tem a melhor estrutura, aliando isso à maior capacidade de ambientação a diferentes situações, tendem a maximizar a potencialidade dos atletas que entram em campo. Quando digo “tendem a maximizar a potencialidade”, isso não quer dizer “vitória garantida”. Isso significa “grandes chances de vitória”. Até mesmo porque, do outro lado do campo, existe um time adversário.

No final das contas, o que decide jogos e campeonatos é um conjunto entre a técnica apurada e a capacidade de adaptação daqueles 11 que entram em campo e disputam a bola em cada centímetro do gramado, seja ele um espaço medíocre e pequeno, digno de série B regional; seja ele, ainda, o majestoso estádio de Old Trafford, na Inglaterra.

Enquanto alguns defendem, até de forma rancorosa, que a altitude de Quito é o fator principal e decisivo de um jogo, a LDU segue empilhando taças nos últimos anos. Estas pessoas simplesmente esquecem que, o título da LDU em 2008, foi apenas a segunda ocasião, desde 1960, em que um clube sediado a mais de 2.000 metros de altitude venceu a Libertadores da América. Quito fica a aproximadamente 2.800 metros. Manizales, sede do Once Caldas (campeão em 2004), fica a pouco mais de 2.000 metros acima no nível do mar.

Se a altitude fosse o fator “mais decisivo”, como é que estes times jamais foram campeões da Libertadores da América antes? Como é que os clubes localizados em altitudes como a de La Paz (mais de 3.600 metros), na Bolívia, jamais venceram uma Taça Libertadores? A resposta é simples: quando falta futebol bem executado, a altitude não ajuda. Quando o time é bom, a altitude até pode ajudar. Mas o que decide é o jogo em si, a bola nos pés, a qualificação técnica e tática.

Sofrendo – ou não – um certo “preconceito” por parte de alguns cronistas esportivos dos países de maior tradição no futebol, o fato é que a LDU do Equador tornou-se uma das agremiações mais vezes campeã na América do Sul nos últimos anos.

Toda essa sequência ocorreu devido a um grande e difícil trabalho de reestruturação realizado pela LDU. Houve investimento na estrutura física, academias, categorias de base e muito mais. Desta forma, após dramaticamente cair para a segunda divisão do país no ano de 2000, o clube deu a volta por cima, se reestruturou, revelou talentos, acostumou-se a jogar competições continentais, até passar a ser um dos protagonistas destas disputas.

Abaixo, serão descritos os grandes títulos e as campanhas destacadas obtidos pela LDU desde que o clube se reestruturou, sendo campeão equatoriano da série B em 2001:

TÍTULOS RECENTES DA LDU

- Copa Libertadores da América: 2008.
- Copa Sul-Americana: 2009.
- Recopa Sul-Americana: 2009 e 2010.
- Campeonato equatoriano: 2003, 2005, 2007 e 2010.

CAMPANHAS DESTACADAS

- Vice-campeão Mundial de Clubes da FIFA: 2008.
- Semifinalista da Copa Sul-Americana: 2004 e 2010.
- Quartas de Final da Libertadores: 2006.
- Oitavas de Final da Libertadores: 2004 e 2005.

Em 2010, a LDU não disputou a Taça Libertadores. Foi a primeira ausência do time nesta competição em muitos anos, já que a última temporada em que o clube havia ficado de fora desta disputa foi em 2003. Entretanto, este ano de 2010 serviu para a LDU recuperar o título de campeão equatoriano – que havia vencido pela última vez em 2007. Em 2011, agora ostentando o título de dez vezes campeã do país, a LDU voltará a disputar a Taça Libertadores da América.

CURIOSIDADES HISTÓRICAS – CAMPEONATO NACIONAL EQUATORIANO

O Equador possui um grupo de quatro grandes clubes, que são os times que possuem maior popularidade no país, tendo eles um grande número de torcedores espalhados por todo o território nacional: Barcelona e Emelec, de Guayaquil; El Nacional e LDU, de Quito.

Além destes quatro times, há mais um clube considerado médio-grande (Deportivo Quito). Este, não é tão popular quanto os demais citados. Mesmo assim, sempre que consegue, faz frente a eles. Coincidência, ou não, estes cinco clubes são as agremiações que possuem, de forma disparada, o maior número de títulos no campeonato equatoriano.

- Barcelona (Guayaquil): 13 títulos nacionais
- El Nacional (Quito): 13 títulos nacionais
- Emelec (Guayaquil): 10 títulos nacionais
- LDU (Quito): 10 títulos nacionais
- Deportivo (Quito): 4 títulos nacionais

Apenas em três oportunidades o título equatoriano escapou deste quinteto: os times que possuem apenas um título equatoriano no seu currículo são Deportivo Cuenca, Deportivo Everest e Olmedo.