quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Fatos e conclusões: o rumo do Brasil até 2014


Por Luciano Bonfoco Patussi
20 de setembro de 2012

Poucas horas após a disputa do primeiro jogo do Superclássico das Américas de 2012, em Goiânia, onde o Brasil venceu a Argentina por 2 a 1, comento alguns pontos relacionados ao futuro da seleção brasileira, visando a Copa do Mundo, bem como as chances de o time nacional obter a taça de campeão em 2014.

MANO MENEZES: em minha visão, Mano Menezes figura tranquilamente em uma lista que contém os cinco ou seis melhores treinadores do futebol brasileiro na atualidade. Alcançou este “status” com trabalho e competência.

MANO NO COMANDO DO BRASIL: é fato consumado que, desde que Mano Menezes assumiu a seleção brasileira, houve instantes onde o Brasil venceu amistosos contra equipes menos qualificadas, intercalados com momentos relevantes em que o time não alcançou o objetivo traçado.

  • Vitórias em amistosos contra equipes inferiores tecnicamente;
  • Duas vitórias contra a Argentina, onde os selecionados contavam apenas com atletas que atuam em clubes dos dois países;
  • Derrotas em amistosos relevantes, contra os principais jogadores de Argentina – duas vezes, França e Alemanha;
  • Eliminação na Copa América em 2011, com derrota nos pênaltis para o Paraguai, após fraca atuação na primeira fase do torneio;
  • Derrota na decisão da medalha de ouro olímpica, onde o Brasil foi encurralado pela boa equipe mexicana;
  • Padrão tático indefinido e atuações medianas, de modo geral.
Nestes dois anos, o Brasil já teve inúmeros jogadores convocados e, taticamente falando, poucos tem ideia de como o Brasil chegará formatado à Copa das Confederações em 2013.

CRAQUES: a seleção brasileira atravessa um momento histórico. Ronaldo, Romário e Rivaldo não atuam mais na seleção, há tempos. Os dois primeiros já encerraram a carreira. Ronaldinho Gaúcho ainda busca oportunidade para um dia voltar a ser convocado. Kaká está tecnicamente bem abaixo de Ronaldinho, em se falando de chances de retorno à seleção em curto prazo.

Adriano está totalmente fora de cogitação no momento, mesmo com todo o talento futebolístico que possui. Isso é lamentável para o futebol e minha torcida sempre será favorável à recuperação dos grandes jogadores. Atualmente, não há sequer um atleta brasileiro no mesmo nível técnico e atlético em que os acima citados atuaram tempos atrás.

JUVENTUDE: Neymar é o melhor jogador brasileiro na atualidade, tendo talento ímpar e muito para evoluir dentro de sua carreira. O atacante santista não atingiu, até o momento, sua melhor forma técnica e tática dentro da seleção - e isso é plenamente compreensível, pois o jogador tem apenas 20 anos de idade. Além dele, Oscar desponta como um meio campista de talento diferenciado. Na atualidade, Oscar divide com Neymar o “status” de candidato à protagonista em 2014.

Neymar ainda não atuou em outra escola do esporte, como por exemplo, o futebol europeu, o que lhe daria maior maturidade, experiência e consciência tática. Oscar já seguiu este caminho. Lucas, do São Paulo, em breve partirá para o futebol do Velho Continente. São todos jovens talentos. Junto a Dedé, Paulinho, Leandro Damião e outros mais, deverão ser mesclados com alguns jogadores experientes dentro da seleção, tais como Ramires, Thiago Silva, Daniel Alves, Alexandre Pato e Luis Fabiano, por exemplo.

O MOMENTO DOS RIVAIS EM 2012: analisando o desempenho dos últimos amistosos e competições internacionais das principais seleções do planeta, destacaria que atualmente existem, no mínimo, quatro seleções de futebol melhor formatadas do que o Brasil, tais como Espanha, Itália, Alemanha e Argentina, só para citar algumas.

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013: esta competição será uma oportunidade ímpar para o selecionado brasileiro ser colocado à prova, exatamente um ano antes do mundial. Na Copa das Confederações estarão seleções como Espanha, Itália, Uruguai e México.

CONCLUSÕES: considerando tudo o que foi exposto até o momento, destaco seis pontos que entendo ser fundamentais na decisão dos rumos do Brasil, na corrida em busca do título mundial em 2014. São eles:

  • O Brasil tem um time inconstante taticamente;
  • Suas peças fundamentais são extremamente jovens, portanto instáveis, mas talentosas tecnicamente e com muito para crescer no futebol;
  • Não há na seleção brasileira a diversidade de craques no auge da carreira, como já teve em um passado recente;
  • A pressão por jogar um mundial em casa é gigantesca;
  • Existem cerca de meia dúzia de times melhor formatados do que o Brasil, há menos de dois anos da disputa da Copa do Mundo;
  • A Copa do Mundo é um torneio em que, para se obter o título, é necessário a uma equipe disputar sete partidas em curto período, tendo organização, força, ímpeto físico e “coração na ponta da chuteira” – tudo para que a técnica desponte nos momentos decisivos com maior naturalidade.
Com base nessas conclusões, entendo que um “choque” no comando da seleção brasileira seria muito bem vindo. Mas uma mudança qualquer não bastaria. Em minha visão, uma nova fase no comando técnico do Brasil teria nome, sobrenome, currículo, conhecimento, competência e títulos.

LUIZ FELIPE SCOLARI: o técnico do título mundial conquistado pelo Brasil em 2002 seria a minha primeira alternativa, na ideia de conduzir o time brasileiro até a Copa do Mundo. Felipão maximizaria a chance de a equipe obter o título em 2014.

Com o Criciúma em 1991, com o Grêmio em 1994 e com o Palmeiras em 2012, Felipão venceu a Copa do Brasil. Em comum entre as equipes acima mencionadas, há o fato de seus times terem sido um tanto desacreditados pela mídia, em relação com outras equipes mais “badaladas” pela maioria da imprensa na época. Isso sem falar nos demais trabalhos realizados pelo treinador, com sucesso!

Talvez Mano Menezes conduza o time brasileiro rumo ao título mundial em 2014. Ou não. Talvez, com Felipão no comando, o Brasil não vença a Copa do Mundo. Mas, com Felipão sendo o treinador da seleção brasileira, as chances de título mundial seriam maximizadas. Essa é a minha convicção!