quarta-feira, 30 de junho de 2010

Esporte Clube Cruzeiro: o retorno de um pioneiro do futebol gaúcho


Fundado em 1913 e campeão gaúcho na temporada de 1929, o Esporte Clube Cruzeiro, de Porto Alegre, está de volta. Em 2010, após realizar grande campanha na série B estadual, o Leão da Montanha garantiu seu retorno à primeira divisão do campeonato gaúcho. O tradicional clube da capital do Rio Grande do Sul estava ausente do principal certame regional há 32 anos. A fiel torcida estrelada, sempre unida no ardor e na fé, não consegue esconder a euforia e o orgulho por este momento mágico vivido pelo glorioso Cruzeiro. O Cruzeiro tem muita história no futebol gaúcho. Aqui, você pode conferir um pouco mais dessa bela entidade esportiva gaúcha, clube que é recheado de pioneirismo, paixão e títulos.

Por Luciano Bonfoco Patussi
30 de junho de 2010

Enquanto Alex Goiano, jogador do Cruzeiro, marcava em cobrança de falta o terceiro gol do time de Porto Alegre na partida contra o Lajeadense, somente uma certeza tomava conta do pensamento da torcida cruzeirista: faltariam aproximadamente 10 minutos para o apito que decretaria o final da partida. Mais do que isso, a vitória por 3x0 sobre o Lajeadense, em Lajeado, daria mais um título para a galeria histórica do Cruzeiro. Acabaria um longo jejum.

O apito final, enfim, soou. A falta de títulos já faz parte do passado. A vitória deu ao time do Cruzeiro o título de campeão gaúcho da série B em 2010. Foi uma conquista que coroou a devolução, à primeira divisão gaúcha, de um dos clubes mais tradicionais do Rio Grande do Sul.

Mais do que destacar a campanha realizada em 2010, os jogadores campeões ou a vencedora comissão técnica, a ideia desta matéria é levar ao conhecimento dos leitores um breve resumo da história do Cruzeiro.

Fundado no dia 14 de julho de 1913, o Esporte Clube Cruzeiro é, em vários aspectos, um dos pioneiros do futebol gaúcho. Foi a primeira entidade esportiva gaúcha a implantar no clube o quadro de categorias de base, visando a formação de jovens atletas.

No futebol, o clube conquistou o campeonato citadino de Porto Alegre por três vezes: 1918,1921 e 1929. Ao conquistar o tricampeonato citadino, o clube obteve o direito de jogar a decisão estadual, troféu que durante muitos anos era disputado entre o campeão da capital e os campeões de diferentes regiões do interior do Rio Grande do Sul.

Desta forma, o Cruzeiro enfrentou, na disputa pelo título gaúcho: Juventude de Caxias do Sul, Guarany de Bagé, Riograndense de Santa Maria e Ferro Carril de Uruguaiana. Em 15 de outubro de 1929, no extinto estádio da Chácara das Camélias, em Porto Alegre, o Cruzeiro venceu o Guarany de Bagé. O placar de 1x0 deu ao Esporte Clube Cruzeiro o título de campeão gaúcho de futebol em 1929.

O elenco do Cruzeiro, campeão gaúcho em 1929, contava com a seguinte base de formação: Chico; Espir e Hugo; Totte, Emílio e Salatino; Ferreira, Torres, Nestor, Germano e Campão.

Com o crescimento da paixão do seu torcedor, um dos fatos mais marcantes da história cruzeirista foi a construção do estádio da Montanha, o maior da cidade de Porto Alegre até então. A inauguração foi em um amistoso contra o São Paulo. Isso aconteceu em 1941. O Cruzeiro derrotou o time paulista por 1x0, sob os olhos de mais de 20.000 torcedores presentes. O primeiro gol do estádio foi marcado por Gervásio.

Outra curiosidade interessante é que o Cruzeiro de Porto Alegre já esteve presente em uma Copa do Mundo. Não o time, mas a camisa estrelada. No confronto contra a Suíça, válido pela Copa do Mundo de 1950, o México entrou no gramado do estádio dos Eucaliptos fardado com a camisa cruzeirista. Fatos possíveis na época.

O crescimento do clube era visível. Além de ter um time forte, o Cruzeiro tinha a fama de sempre bater de frente e crescer nos confrontos contra Internacional e Grêmio. Contra o Inter, jogava o clássico Inter-Cruz. Contra o Grêmio, o Gre-Cruz. Sempre foram jogos equilibrados. Várias vezes, o Cruzeiro saiu vencedor.

Merece ainda destaque especial uma excursão, realizada na Europa, entre o final de 1953 e o início de 1954. Foi a primeira excursão realizada, pela Europa, por um clube do Rio Grande do Sul. Na ocasião, foram travados grandes embates contra fortes times da época.

Destaques para o empate em 0x0 contra o Real em Madrid e para os empates também em 0x0 contra o Torino e a Lazio, em Turim e Roma, respectivamente. Para finalizar a excursão, o Cruzeiro retornou à Espanha para, em Barcelona, derrotar o Espanyol duas vezes: por 4x2 e 2x0.

O saldo desta excursão foi de 15 jogos, com 7 vitórias, 4 empates e apenas 4 derrotas. Foram visitados os seguintes países: Espanha, França, Suíça, Itália, Turquia e Israel. O Cruzeiro deixou saudade no velho continente. Tanto que foi convidado para retornar.

Em 1960, o Cruzeiro marcou época na Europa novamente. Enfrentou equipes como Sevilla, Dínamo de Zagreb, além das seleções da Tchecoslováquia e da Bulgária, entre outros times. Desta vez, em 24 partidas, o Cruzeiro alcançou 11 vitórias, perdendo 7 jogos e empatando 6 vezes.

Durante esta excursão, o Cruzeiro conquistou o Torneio de Páscoa de Berlim, o primeiro título intercontinental de um clube gaúcho. Seguindo a trilha da realização de grandes jogos internacionais, o Cruzeiro jogou em 1961 o Torneio de Páscoa em Mar del Plata, na Argentina. Foi campeão.

Ao final da década de 1960, entretanto, o clube viveu uma fase complicada. Tudo culminou com a venda do estádio da Montanha. A última partida no local foi emocionante. O Cruzeiro venceu o Liverpool de Montevidéu por 3x2, no dia 8 de novembro de 1970. Vários torcedores deixaram o estádio derramando lágrimas. Era a última partida jogada no estádio da Montanha. Ainda em 1970, o Cruzeiro foi o campeão da primeira Copa Governador do Estado.

O novo estádio do Cruzeiro foi inaugurado em 1977. O estádio Estrelão, batizado assim em homenagem ao clube estrelado, foi sede da última grande aparição do time cruzeirista em nível estadual. Isso ocorreu quando o Cruzeiro participou da fase final do campeonato gaúcho de 1977. Classificou-se entre as dez equipes melhores colocadas do certame.

Em 1979, o Cruzeiro desativou seu departamento de futebol profissional, voltando a ativá-lo apenas em 1991. Foram tempos difíceis para os apaixonados cruzeiristas.

Além disso tudo, vale lembrar que o Cruzeiro é celeiro de craques. Teve jogadores com passagem no Cruzeiro que, inclusive, já vestiram a camisa da “seleção canarinho” do Brasil. Aníbal Candiota, Moderato Winsteiner (primeiro gaúcho a jogar uma Copa do Mundo em 1930), Picasso, Valdir de Morais, Aírton Ferreira da Silva, Ortunho e Batista são alguns exemplos, entre outros.

Outros grandes jogadores também já vestiram a camisa estrelada, tais como Mário Andrade, Jorge Andrade, Hermes, Pio, Vieira, Jarbas, Daison Pontes, João Pontes, Paraguaio, Chico Spina, Vergara, Paulo Santos, Pinga, Michel Bastos, Diguinho, Rafael Sóbis, entre tantos outros.

O Cruzeiro é o único clube gaúcho que já obteve os títulos de campeão estadual de futebol, futsal, vôlei e basquete. No ano de 2008, a equipe estrelada foi vice-campeã estadual da categoria júnior. Foi apenas um aviso. Uma amostra de que os tempos estavam mudando. Unidos no ardor e na fé, o torcedor cruzeirista sempre acreditou em uma histórica virada nos rumos do clube.

Em 2010, longe da primeira divisão gaúcha há mais de três décadas, o Cruzeiro venceu o Lajeadense, conquistando o campeonato gaúcho da série B e carimbando o passaporte para voltar a ocupar um lugar de destaque. Destaque no futebol, diga-se de passagem, pois o clube jamais deixou de ter bordado, ao lado esquerdo do peito dos seus apaixonados torcedores, o brilho de cinco estrelas brancas, estampadas em um belo e tradicional escudo azul.

O Esporte Clube Cruzeiro, campeão gaúcho da série B em 2010, mandou ao gramado a seguinte escalação, para conquistar a taça e marcar seu nome na história:

Fábio; Alex, Sandro, Tiago e Patrola; Nunes (depois Cláudio), Almir, Faísca e Alex Goiano; Diego Torres (depois Diego) e Jô; Treinador: Benhur Pereira.

Todos os atletas, comissão técnica, diretoria e torcedores do Esporte Clube Cruzeiro, de Porto Alegre, estão de parabéns por mais esta grande jornada!

Uma grande saudação esportiva à todos os leitores!



FONTES DE PESQUISA BIBLIOGRÁFICA:

http://www.cruzeiropoa.com.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Esporte_Clube_Cruzeiro_%28Rio_Grande_do_Sul%29

http://www.finalsports.com.br/03/blog_campelo/?p=561

http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Ga%C3%BAcho_de_Futebol_de_1977

http://www.copafutebolrs.blogspot.com/

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Copa do Mundo FIFA 2010: definidos os confrontos de oitavas de final


Atual campeã e vice-campeã mundial, Itália e França, respectivamente, voltaram para casa mais cedo. Ambas as seleções obtiveram resultados medíocres, sendo eliminadas logo na primeira fase da Copa do Mundo. Gana representará a África no restante do torneio. A América segue forte na disputa, com sete seleções classificadas entre os dezesseis melhores times, o que pode ser considerado um recorde do continente na história dos mundiais. A partir deste momento do torneio, somente quem vencer seguirá na disputa. Uma derrota eliminará o perdedor. Isso é promessa de uma sequência de grandes partidas. Pelo menos, esta é a expectativa do mundo do futebol e de todos os apaixonados por este esporte.

Por Luciano Bonfoco Patussi
25 de junho de 2010

Com o torneio afunilando e restando cada vez uma menor quantidade de seleções na disputa, já é possível destacar algumas gratas surpresas do mundial até o momento, tais como:

Uruguai – Após certa irregularidade nas eliminatórias, a "Celeste Olímpica" apresenta a chamada “cara de time”. Os comandados de Oscar Tabarez, treinador uruguaio, mostraram em campo que estão bem orientados. Cada jogador sabe sua função dentro do gramado. É possível discutir, em qualquer equipe, a qualidade de um ou outro jogador. O esquema tático pode ser alvo de críticas ou de elogios. Mas é inegável que o Uruguai, atualmente, é um time coeso, independentemente dos nomes em campo.

Forlán é um diferencial técnico do time. Cavani tem boa movimentação. Todos os atacantes auxiliam a parte tática da seleção. O Uruguai pode surpreender. É um time que, se chegar mais adiante, pode ser campeão. Isso seria uma grata surpresa diante do primeiro campeonato mundial disputado em solo africano.

Eslováquia – Os eslovacos foram responsáveis por eliminar a atual campeã mundial. Na partida em que mandaram os tetracampeões de volta para casa, os comandados de Vladimir Weiss venceram e convenceram. Jogaram muito futebol. Além de força de vontade, a equipe eslovaca apresentou muita organização tática e, até mesmo, maior técnica que o selecionado italiano.

Nas eliminatórias para a Copa do Mundo, a Eslováquia já havia surpreendido positivamente, ao ter deixado para trás seus rivais da República Tcheca. Ambos os países formavam, anos atrás, a extinta Tchecoslováquia, que alcançou dois vice-campeonatos mundiais, em 1934 e 1962, e um título europeu, em 1976. O povo eslovaco está em festa e sonha alto. Sua nova seleção vai criando, aos poucos, uma tradição própria e independente.

Portugal – A seleção portuguesa é a equipe que mais me surpreendeu positivamente na primeira fase do mundial. Criticada por muitos veículos de comunicação por sofrer com a procura de um novo líder ao estilo “Felipão”, dentro de campo a seleção comandada por Carlos Queiroz tem mostrado bastante inteligência tática. Queiroz tem montado sua estratégia de acordo com os adversários enfrentados e isso tem dado certo até o presente momento.

Na primeira fase, os lusitanos massacraram impiedosamente o time norte-coreano. Empataram em zero contra a Costa do Marfim e contra o Brasil. Se o time não brilhou tecnicamente nos dois jogos, contra os “Elefantes” africanos e contra os “Canarinhos” brasileiros, pelo menos mostrou bastante solidez defensiva. Por isso tudo, Portugal eliminou a Costa do Marfim. Cristiano Ronaldo e Simão, entre outros, podem fazer a diferença no setor ofensivo daqui para frente.

Além destas equipes, é impossível não mencionar a grande campanha realizada pelas seleções paraguaia e chilena. Os sul-americanos estão surpreendendo neste campeonato mundial. Comandados, respectivamente, pelos argentinos Bielsa e Martino, Chile e Paraguai tem atuado com bastante eficácia. Principalmente o Chile, que tem jogado um futebol bastante ofensivo.

Entretanto, creio que ainda faltam alguns detalhes para que estas equipes possam sonhar com um título mundial. Mas a boa campanha existe, está sendo vista por todos e pode melhorar ainda mais. Neste mesmo grupo, podemos enquadrar as seleções de México e Estados Unidos. A campanha do futebol da América no mundial da África é surpreendente, de forma positiva.

Se existiram surpresas positivas nesta primeira fase do mundial, houve também algumas seleções que ficaram para trás, decepcionando completamente suas respectivas torcidas.

França – O time francês sofreu uma queda anunciada. A seleção francesa saiu do país, rumo à África do Sul, sob enorme desconfiança. A classificação para o mundial foi obtida quando a França venceu a Irlanda, pelas eliminatórias, com um gol completamente irregular, mas que foi validado pelo árbitro da partida. O tempo passou e, na disputa em solo africano, a França marcou apenas um ponto, vivendo o estopim de uma crise que teve direito a exclusão de atleta do grupo em meio ao torneio, pedido de demissão do chefe da delegação, bate-boca do preparador físico com o capitão do time.

Tudo isso culminou com a arrogância do treinador Domenech, que se recusou a cumprimentar Carlos Alberto Parreira, o treinador que comandou a África do Sul na vitória dos anfitriões sobre os franceses. Vitória que mandou o time comandado por Domenech de volta para casa. Laurent Blanc, zagueiro francês na conquista do mundial de 1998, é o novo treinador dos "Les Bleus".

Itália – Tetracampeã mundial em 2006, a seleção italiana chegou à África do Sul também sob muita desconfiança. A eliminação na primeira fase teve apenas uma diferença em relação ao que ocorreu com a França: o time italiano mostrou muita vontade e orgulho em jogar uma Copa do Mundo. Entretanto, na prática, isso serviu apenas para tornar a eliminação menos dolorosa, já que o final da história foi parecido. A baixa qualidade técnica, aliada à falta de um padrão tático definido, foram as principais causas dos maus resultados em campo.

No mundial, a Itália somou apenas dois pontos, ficando na última posição de seu grupo. Deverá ocorrer uma reformulação geral na seleção italiana. Cesare Prandelli é o novo treinador de "La Squadra Azzurra", substituindo o tetracampeão mundial Lippi, que fracassou no comando da equipe na África do Sul.

Além dessas equipes, particularmente, eu tinha boa expectativa para ver o futebol das seleções da Sérvia e da Dinamarca. Estes times também decepcionaram, em minha particular opinião. Nas eliminatórias, tiveram boas atuações. O time da Sérvia, individualmente, possui jogadores com boa técnica. No caso dos sérvios, entretanto, não há o que justifique a derrota para a Austrália, na última rodada.

Uma equipe que almeja melhores resultados dentro de uma Copa do Mundo, com todo o respeito, não pode perder de uma equipe muito inferior tecnicamente. Não existe mais time amador, ainda mais dentro de uma Copa do Mundo. Mesmo com grande diferença técnica, quem “bobear”, acabará “dançando”. A Sérvia ensaiará a sua particular “dança do adeus” no avião de volta para Belgrado.

Já a Dinamarca foi eliminada, mas é importante ressaltar: o Japão, que eliminou os dinamarqueses, e também a Coreia do Sul, que eliminou a Nigéria e a Grécia, são seleções com muito conjunto. Acredito que o futebol asiático evoluiu muito, principalmente os dois países que, juntos, foram anfitriões da Copa do Mundo de 2002. Entretanto, falta ainda maior evolução e maior técnica. Um título mundial ainda é sonho distante. Mas no confronto dos dinamarqueses com os japoneses, o que foi visto em campo foi um baile, não só técnico, mas também tático. Tudo em favor dos orientais.

O desempenho africano foi abaixo da média neste mundial. Mas isso era algo esperado. A África do Sul contava com o apoio de toda sua população. Entretanto, ao cair no "grupo da morte", os anfitriões passaram a ser uma provável zebra. Zebra que, de fato, não se concretizou. A grande vontade dos "Bafana Bafana" contrastava com a nítida falta de qualidade técnica da maioria dos jogadores.

Camarões e Nigéria já não contam com uma geração de jogadores tão talentosa como em anos anteriores. O resultado obtido por estas seleções foi medíocre, entretanto, isso era algo esperado. O mesmo vale para a Argélia. Por outro lado, a decepção ficou por conta da Costa do Marfim. Na mesma chave de Brasil e Portugal, teve desempenho razoável, mas insuficiente para obter a clssificação.

Dos classificados para a segunda fase, somente Gana seguirá representando o continente que é sede do campeonato mundial. Gana é um time que tem força e boa técnica. Entretanto, falta ainda muito preparo no que diz respeito à obediência tática da equipe. O time pode ir longe, é bem verdade. Mas sonhar com título ainda é um pouco improvável. Algo que somente o futebol é capaz de proporcionar.

Em se falando de título, acredito que existem quatro equipes com reais condições de ser campeã:

O Brasil tem grande conjunto, com três atletas capazes de desequilibrar uma partida, tecnicamente falando – Kaká, Robinho e Nilmar estão entre eles. Além destes, Luis Fabiano e o próprio Elano são imprescindíveis à equipe brasileira. A defesa é compacta e tem no entrosamento de muitas atuações em conjunto o ponto forte da equipe. É neste conjunto que Dunga aposta para sair da África do Sul com a faixa do hexacampeonato no peito.

A Alemanha está focada em busca do tetra. O time alemão lembra muito, com suas particularidades, a seleção italiana campeã mundial em 2006. O meio-campista Mesut Özil é o diferencial técnico da equipe. Promessa de grande jogador. A defesa é forte. Klose é jogador de área, artilheiro e ótimo cabeceador. O meio-campo é compacto e procura sempre diminuir espaços, dificultando as ações adversárias.

A Holanda é um time muito parecido com a Alemanha. Possui uma boa defesa. Porém, há certa dificuldade nas investidas pelas laterais do campo. Entretanto, a compactação defensiva da Laranja Mecânica, aliada ao talento de jogadores como Sneijder e Robben, que contam ainda com o oportunismo do atacante Van Persie, pode levar a equipe ao sonho do título mundial. Sonho este adiado desde a década de 1970.

A Argentina possui grande qualidade técnica, sendo o elenco que conta com o maior potencial ofensivo individual da Copa do Mundo. Jogadores como Higuaín, Tévez, Agüero e Di Maria são diferenciados. Messi é craque e possui o título de melhor jogador da atualidade.

Há ainda Verón que, mesmo veterano, é um meio-campista de rara qualidade. Para conquistar o título, deverá haver a consciência do comandante Maradona, que precisará optar por uma formação que contenha os ataques de times adversários de forma mais efetiva. Para isso, alguns “craques” deverão ser “sacrificados” da equipe principal.

Se a organização tática e coletiva ficar em segundo plano, com a técnica, pura e simplesmente solta em campo, sendo privilegiada, será mais um mundial de lamentações do torcedor argentino. Entretanto, se Maradona ajustar o setor defensivo de sua equipe, formando um time compacto, a Argentina poderá sonhar concretamente com o tricampeonato mundial.

Com base nas atuações da primeira fase, passo a considerar Inglaterra e Espanha como times que podem ser campeões, sem dúvida. Mas não são as principais favoritas. Inicialmente, com base em jogos das eliminatórias e partidas amistosas, considerava ingleses e espanhóis amplos favoritos ao título. Entretanto, o tempo passou e alguns pontos fracos e determinantes foram comprovados, tais como:

A Espanha é um time muito parecido com a Argentina. Há jogadores de grande potencial técnico no elenco, tais como Fàbregas, Villa, Fernando Torres, Iniesta e outros mais. Entretanto, Vicente Del Bosque precisará contar com atuações impecáveis de zagueiros medianos para poder ser campeão. Ajustando isso, com o toque de bola que os espanhóis apresentam e a efetividade de seus atacantes, é possível sonhar.

Em caráter de opinião pessoal, reconheço que considerar a Espanha como ampla favorita ao título, antes de o mundial iniciar, foi um equívoco que cometi. Pode ser campeã. Mas antes de ser considerada ampla favorita, precisa provar um pouco mais dentro do contexto mundial do futebol. A Copa do Mundo de 2010 é uma oportunidade gigante para isso acontecer.

A Inglaterra, do vitorioso treinador Fabio Capello, passou com dificuldades pela primeira fase. Falta criatividade ao setor ofensivo da equipe, que se resume ao oportunismo do diferenciado Rooney. A ligação com o ataque é feita pelos ótimos meias Gerrard e Lampard. Entretanto, nenhum deles é um típico “camisa 10”. Em resumo, falta no selecionado inglês um jogador ao melhor estilo Messi, Kaká, Özil ou Sneijder. Isso dificulta o andamento do setor ofensivo da equipe e sua produção de jogadas.

As oitavas de final da competição marcam os seguintes confrontos:

Uruguai x Coreia do Sul
Estados Unidos x Gana
Holanda x Eslováquia
Brasil x Chile
Argentina x México
Alemanha x Inglaterra
Paraguai x Japão
Espanha x Portugal

O blog “Futebol Arte & Garra” elaborou um palpite de resultados e gostaria de saber sua opinião:

Uruguai x Coreia do Sul – Uruguai será o classificado.
Estados Unidos x Gana – Gana obterá a vaga.
Holanda x Eslováquia – Holanda alcançará a classificação.
Brasil x Chile – Brasil confirmará o favoritismo.
Argentina x México – Argentina se classificará.
Alemanha x Inglaterra – Alemanha deve vencer.
Paraguai x Japão – Difícil. A vitória será paraguaia.
Espanha x Portugal – Espanha conseguirá a vaga.

Chute longo – O palpite de hoje é que as semifinais reunirão:

Uruguai x Brasil
Alemanha x Espanha

Até a fase semifinal chegar, muita coisa pode acontecer. Isto é futebol. Essas incertezas é que tornam este esporte apaixonante. Deixe seu recado e seu palpite. Sua opinião é muito relevante!

Uma grande saudação esportiva a todos os leitores!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Opinião: Copa do Mundo FIFA 2010


Após um belo festival - com direito a vários espetáculos musicais – vai começar a disputa de mais uma Copa do Mundo de seleções da FIFA. O palco da magia do futebol, em 2010, será a África do Sul. Pela primeira vez na história o continente africano será anfitrião de um campeonato mundial de futebol. O mundo da bola está atento. Os corações batem mais forte. Façam suas apostas. O blog Futebol Arte & Garra deixa aqui seu palpite e gostaria de saber sua opinião.


Por Luciano Bonfoco Patussi
10 de junho de 2010

Nos últimos 16 anos, todas as seleções que venceram a Copa do Mundo mostraram, pelo menos, uma característica comum: todos foram times pragmáticos, que valorizavam sua defesa acima de qualquer outra coisa. Eis a velha máxima do futebol que diz que todo grande time começa tendo um grande goleiro e uma defesa sólida. Essa situação apresentada, onde equipes mais bem organizadas defensivamente – mas com certo talento ofensivo – acabam sendo campeãs, expõe uma tendência do futebol atual. Vamos aos fatos:

1994 – Brasil campeão: Taffarel, no gol, tinha a segurança de ter todo um grande sistema defensivo armado pelo técnico Carlos Alberto Parreira e liderado dentro de campo pelo capitão Dunga. Romário comandou a equipe ofensivamente. O baixinho era o melhor jogador do mundo. Com um futebol burocrático, mas competitivo ao extremo, o Brasil foi vencedor.

1998 – França campeã: Com Barthez no gol e jogadores como Thuram, Deschamps, Desailly e Blanc na retaguarda, “Os Azuis” tiveram uma defesa praticamente intransponível. Zidane, com talento e criatividade, tratou de organizar a equipe. O resto da história, o mundo inteiro sabe – e a torcida brasileira jamais esquecerá.

2002 – Brasil campeão: o grande “São Marcos” foi o goleiro da confiança de Felipão, que sempre buscou primeiramente organizar sua defesa, até pelos talentos individuais ofensivos que a equipe possuía. O treinador formou na seleção brasileira a chamada “Família Scolari”, onde absolutamente todos os jogadores – incluindo os craques Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo – tinham a obrigação de cumprir tarefas defensivas. O time encorpou, ganhou confiança e venceu todos os sete jogos do mundial.

2006 – Itália campeã: Marcello Lippi escalou a “Azzurra” com o melhor goleiro do mundo – Buffon. O capitão da seleção era o melhor zagueiro do mundo na época – Cannavaro. Além deles, Gattuso, De Rossi, Zambrotta, Camoranesi e outros importantes jogadores formaram um sistema defensivo difícil de ser ultrapassado. Na meia-cancha, Pirlo e Totti, principalmente, deram um toque talentoso ao time, que durante o mundial cresceu de produção e alcançou a glória máxima do futebol mundial.

Assim sendo, com a exposição desta tendência defensiva e vencedora, e em caráter de opinião pessoal, o colunista que vos escreve aponta as seleções de Espanha, Brasil e Inglaterra como as grandes favoritas ao título. A Espanha, do treinador Vicente Del Bosque, vai para o mundial com excelentes jogadores do meio de campo até o ataque. Na defesa, tem também bons jogadores e um bom goleiro. O time espanhol é o atual campeão europeu de seleções, o que tira dos jogadores um pouco da fama de que a seleção espanhola sempre fraqueja nos momentos decisivos. Os últimos resultados nas eliminatórias e em amistosos também são animadores.

O Brasil, por sua vez, vai ao mundial comandado por Dunga e com algumas contestações do povo brasileiro, no que se refere à convocação. Mas Dunga tem seus méritos. A classificação antecipada nas eliminatórias, as vitórias contra grandes seleções como Argentina e Itália, tudo isso aliado aos títulos da Copa América e da Copa das Confederações, dão respaldo ao trabalho do “Capitão do Tetra” à frente da seleção brasileira.

Outra favorita ao título, a Inglaterra vai para a África do Sul treinada por Fabio Capello – um dos melhores e mais vitoriosos treinadores do planeta – e possui grandes jogadores. Os ingleses sofreram com alguns desfalques importantes devido a lesões sofridas às vésperas da disputa, mas ainda assim possuem uma equipe de grande nível e com excelente organização tática.

Nunca podemos esquecer equipes como a Argentina, a Itália e a Alemanha. Estas três seleções possuem chances de título, mas correm por fora. Os comandados do “treinador” Diego Armando Maradona possuem grande técnica. Individualmente e ofensivamente, diria que a Argentina tem qualidade parecida com a seleção espanhola.

Entretanto, Maradona deixou fora do mundial importantes peças defensivas, como Javier Zanetti e Cambiasso – que são titularíssimos da Internazionale de Milão, atual campeã de clubes da Europa. A campanha medíocre nas eliminatórias, aliado ao excesso ofensivo do time, pode fazer Maradona e sua equipe, repleta de estrelas, sucumbir. Em contrapartida, o carisma do maior jogador argentino de todos os tempos pode ser um aliado psicológico e fazer seus comandados “suarem sangue” para fazer a Argentina novamente ser campeã mundial.

A Itália e a Alemanha dispensam comentários. Ambas as seleções saíram de seus países sob enorme desconfiança de parte da torcida e da imprensa. Sempre que foram campeãs do mundo, isso aconteceu. A Itália é a atual campeã mundial e a Alemanha foi terceira colocada na mesma disputa. Não é preciso dizer que, apesar de correrem por fora, sempre podem chegar a uma fase decisiva. Se os adversários deixarem ambas chegarem às semifinais – fato que é possível, tornam-se favoritas naturais ao título, contra quem for que venham a jogar.

Como candidatas à surpresa positiva do mundial, apontaria cinco equipes: Holanda, que pode até ser campeã, dependendo da confiança que equipe irá adquirir ao longo da disputa. A Holanda possui boa defesa e jogadores ofensivos que vivem grande momento técnico, como Sneijder e Robben. Isso pode ser decisivo para o crescimento da equipe; Dinamarca, que realizou grande campanha nas eliminatórias e tem um time bastante compacto; Sérvia e Costa do Marfim, que se passarem da primeira fase, pelos jogadores que possuem, podem crescer e ir longe no mundial; Suíça, que está em uma chave difícil, mas não me surpreenderia se, mais uma vez, conseguir se classificar e, até mesmo, ir mais longe. É difícil, mas é um time bastante coeso e pode surpreender.

Acredito ainda que França e Portugal serão as decepções do mundial, pelo seu histórico recente. Nos últimos anos, as duas seleções acima citadas têm chegado aos momentos decisivos das competições que disputaram. São times que possuem alguns jogadores do mais alto nível técnico do mundo, casos principalmente de Ribery e Cristiano Ronaldo. Entretanto, às vésperas do mundial, ambas as equipes, que possuem bons talentos individuais, ainda não conseguiram formar um confiável time de futebol. Entretanto, ainda há tempo para uma virada.

Fiquem todos à vontade para expor suas opiniões e suas críticas. Uma grande Copa do Mundo para todos os leitores. Saudações esportivas.